sábado, 10 de setembro de 2016

SEGUNDO DIA - ANDRADAS A INCONFIDENTES - 53,5 KM 30/08/2016

Combinamos em tomar o café da manhã às 07h00, para que pudéssemos partir as 8h00. Tomamos o melhor café da manhã do caminho, com direito a frutas, bolachas, bolos e partimos pontualmente conforme o combinado. 


Passamos rapidamente no centro da cidade, para algumas fotos. Na sequencia, aproveitamos passar no supermercado, para comprar água, e na farmácia. 



Após as compras, partimos em direção ao desconhecido. 

A saída de Andradas se dá por asfalto, em ascendência. Quando chegamos na parte mais alta, abre-se um belo visual digno de muitas fotos.



Poucos quilômetros a frente, viramos a direita, numa ruazinha de terra, e novamente passamos a pedalar entre fazendas muito bem cuidadas, gados e paisagens lindíssimas!


Ficamos perplexos com esta gigante centenária! 


Tentávamos seguir em frente, mas a cada curva eu via uma nova 'foto'. Desta forma, seguimos pedalando e parando  muitas vezes. 



A placa nos indicou que estávamos próximos a Serra dos Lima. 






Durante o caminho, passamos por um senhor, carregando uma penca de bananas nas costas. Ao cumprimentá-lo, recebo um belo sorriso simpático de volta e isso dá início a uma boa prosa. 


De acordo com ele, a fruta é para seu cavalo que é gamado em uma banana. Ele nos contou que certo dia, o pobre animal invadiu o terreno do vizinho e teria comido quase todas as bananas, quanto pode aguentar... até passou mal. Agora, de vez em quando, ele leva um pouco para ele matar o desejo. 


Na sequência, passamos avistar a grande serra que teremos de desbravar. 



Começamos pedalando e logo estávamos os três empurrando. O trecho mais íngreme é asfaltado mas, ainda assim, era impossível de pedalar. 


O dia estava bem quente. Por isso, foi muito agradável chegar na Gruta N. Sra. de Lourdes, local que possui uma pia com água fresca e potável.  


Permanecemos uns instantes ali, aproveitando a sombra, até que foram chegando uns rapazes de bike.


Eles são de São Paulo e tem carro de apoio. Pretendem terminar o caminho na sexta-feira. Visto que hoje é terça, terão que 'correr'. Após uma curta conversa, continuamos o caminho enquanto eles permaneceram ali para se refrescar. 

Até tento pedalar mais um pouco, mas a serra vai ficando cada vez mais íngreme. Percebo belas paisagens do lado esquerdo, por isso, decido empurrar por ali enquanto faço alguns registros. 



Logo eles nos alcançam e subimos todos juntos, conversando e empurrando. 



Nesta hora, ouço um som de pássaro diferente. Quando olho para o céu vejo lindos tucanos, voando livres... acho isso tão emocionante! Tento fazer um registro mas infelizmente não consigo. 

O carro de apoio, de nossos mais novos amigos, passa por nós e os aguarda no final da subida. Quando chegamos, somos presenteados por eles com isotônicos geladérrimo, que carregam no carro. Olha nossa carinha de alegria.




Após mais uns minutos de descanso, nos despedimos novamente deles e subimos pedalando. Logo adentramos a uma pequena vila, chamada Bairro dos Limas. 




Já vi muitas fotos de pessoas, aqui no Caminho da Fé, ao lado desta antiga TV. Achamos graça quando a vimos e decidimos registrar o momento. 


Logo chegamos a famosa Pousada da Dna. Natalina. Gostaríamos de ter ficado por aqui, ontem a noite. Mas, infelizmente, chegamos tarde em Andradas e, devido a isso, optamos por ficar por lá. No entanto, não pudemos deixar de entrar e conhecer a doce pessoa que nos faz crer ser muito especial se hospedar aqui. 



Novamente encontramos os rapazes que aqui entravam, enquanto saíamos. A sequência é um longo declive que tivemos que interromper após vermos um casal lidando com café, em frente a sua residência. Fiquei maravilhada visto nunca ter tido a oportunidade de ver a secagem do café, pessoalmente.



Nos despedimos do casal simpático e seguimos em frente. Enquanto estávamos por aqui nossos amigos ciclistas passaram por nós. 




Logo chegamos no bairro da Barra. Aproveitamos parar com nossos amigos para também nos reabastecer.



Ainda no bairro da Barra, passamo pela pousada de João e Joelma, com uma bela entrada. Pegamos o carimbo e depois seguimos enfrentar a segunda serra do dia. 











Após empurrarmos a bike por aproximadamente 1 km, chegamos num ponto turístico do caminho. Trata-se de uma pequena cascata que deságua na rua. 





Aproveitamos para nos refrescar um pouco antes de partir. 



Seguimos empurrando por mais alguns metros e logo começavam novamente as grandes decidas, com as belíssimas paisagens e muito cafezal. 





Um pouco antes de chegarmos no bairro Crisólia, um susto! A corrente de Maria enroscou de um jeito estranho. Por sorte, Filipe manja fazer pequenos reparos e liberou com as chaves o câmbio da frente, para soltar a corrente sem arrebentar ou entornar nada. 


No próximo trecho havia muita terra solta e grande movimento de carros, gerando muito pó. Por isso, procuramos seguir o mais rápido que podíamos, o que foi facilidade devido a altimetria bem plana. 



Quando adentramos o bairro Crisólia, paramos num bar logo na entrada para tomarmos algo gelado. 


O banco da Maria havia descido algumas vezes. Filipe constatou que estava faltando uma arruela. Por isso, antes de partir, Filipe decidiu perguntar se por um acaso não tinha ali, algo parecido. É muito engraçado pois, sempre que precisamos de algo, temos anjos que surgem com o necessário. O senhor Ricardo, vulgo careca, que estava do lado de fora do bar nos ouvindo conversar,  imediatamente nos convida ir até a sua oficina e nos deixa escolher as arruelas que quiséssemos... sem cobrar nada por isso! Obrigada...



Com o problema resolvido, seguimos por mais uns quilômetros tranquilos e felizes.


Antes de sair do bairro, passamos para conhecer o bar da Zeti. Ali servem refeições e é um ponto de apoio ao peregrino. Pegamos o carimbo e reencontramos novamente nossos colegas de bike. 


Agora era a vez da bike do Filipe 'reclamar'. Como as subidas aqui são duras, forçamos demais os pedais e, com isso, o de sua bike começou a rachar. Ele também comenta que, devido a ter empurrado a bike, seu pé estava com uma bolha na parte de trás, isso porque os tênis com clipes não são próprios para caminhar. Penso rapidamente em uma solução e peço que não fique extremamente preocupado, visto que estamos próximos a Ouro Fino e então aproveitaríamos para resolver esse problema. 




Rapidamente avistamos Ouro Fino, na parte baixa da montanha. A entrada na cidade não poderia ser melhor: avistando o emblemático menino da porteira.







Novamente nos encontramos com os amigos da bike. A ajuda deles foi importantíssima para resolvermos o problema na bike do Filipe. Eles nos ajudaram a encontrar uma loja para comprarmos pedais normais, sem clipes, para sua bike. 


Na sequência, fomos a duas lojas de calçados comprar um tênis confortável para andar / pedalar, para evitar as bolhas e desconforto nos pés. Por sorte conseguimos resolver os dois problemas em menos de 40 minutos. Para não carregar peso desnecessário, dos tênis e pedais quebrados, fomos a agência dos correios e os despachamos para casa. Pegamos nosso carimbo e seguimos caminho em direção a Inconfidentes. 


Filipe todo faceiro com o tênis novo
O trecho até a próxima cidade é bem tranquilo e bonito. Aproveitamos bem o percurso.







A chegada a Inconfidentes foi rápida. Passamos no Bar do Maurão para conhecê-lo, carimbar a credencial, comer um lanche e prosear um pouco. 




Durante nossa conversa, vi um pequeno beija-flor entrar a procura de água. Quando comentei com o Maurão ele disse-me: Ahhh, é meu amiguinho. Então ele nos surpreendeu, pegando o suporte de água nas mãos, enquanto o pequeno beija-flor sentou em seu dedo para beber água, tranquilamente. Fique estasiada com o que vi! 


O dia já findava e nós ainda não sabíamos onde dormiríamos. Resolvemos ir até a pousada Caminho da Fé, localizada as margens de uma rodovia.



Para nossa desagradável surpresa, o restaurante, ao lado da pousada, estava fechado. Por sorte Maria lamentou enquanto entrávamos na pousada, fazendo ser ouvida por dois senhores que estavam ali perto. Assim que entramos na pousada, fomos recepcionados por Daniela, uma senhora muito boazinha e, na sequência, os senhores que conversavam lá fora, também entraram. Combinamos o pernoite com ela e, assim que terminamos um dos senhores nos disse: 
'Eu sou dono do restaurante, aqui ao lado. Hoje está fechado, mas quero muito atender vocês! Podem comer em minha casa, se não se importarem... '
Coisas de caminhos... aceitamos na hora! Acertamos o preço de R$ 15,00 por pessoa, e as 19h00 ele veio nos buscar. Foi um jantar e tanto, com direito a uma boa prosa e a companhia do Sr. Delicério baiano e Ana Maria.



E assim terminou mais um dia magnífico no Caminho da Fé.

Quando as pessoas me perguntam porque precisamos de tanto tempo para pedalar por tais lugares, sem querer responder de forma que possa parecer grosseria, me pergunto: Será que teríamos tido tempo de saber que o cavalo do senhorzinho ama bananas? Será que teria visto o café, conversado com Ricardo o careca? Será que estaria mais feliz por não ter visto o beija-flor do Sr. Maurão ou não ter sabido a romântica historia do casal, que fugiu na adolescência para ficar juntos, do Sr. Delicério? Para mim, o que faz os caminhos por onde passo, além de suas belas paisagens, são as pessoas que fazem parte dele. E preciso de tempo para apreciar isso. Nunca fui boa em corridas e sinto muito decepcionar quem espera que sejamos capaz de percorrer 100 km por dia. Amo meus pedais, pois eles me dão historias para ouvir, para lembrar e parar contar mais tarde...

Segue o plano de altimetria e quilometragem de hoje:


Sobre hoje, o pedal foi razoavelmente tranquilo. Houveram dois momentos que tivemos de empurrar, na subida das duas serras. Mas acredito que não tenha passado de uns 4 km, no total. Foi emocionante chegar a Ouro Fino, fazer as fotos no menino da porteira. É importantíssimo ter algum conhecimento em bike, manutenção e pequenos reparos... Filipe nos salvou, por hoje. Também acho imprescindível sempre levar um dinheiro reserva para alguns percalços, desta vez foi necessário para os pedais e tênis. A pousada foi confortável e dormimos bem. Tem lavanderia, mas tivemos que lavar a roupa nas mãos. Estendemos as roupas no quarto, no varal improvisado com o elástico de bagageiro. O jantar foi delicioso e teve um preço justo. 

Gastos

R$ 20,00 bebidas durante o caminho
R$ 50,00 pousada
R$ 15,00 jantar
Total R$ 85,00

Gastos adicionais - Pedais R$ 60,00 / Tênis R$ 269,00 / R$ 25,00 correio
Total adicional R$ 354,00

7 comentários:

  1. Você tem toda razão, Claudia, as pessoas dos caminhos são sempre nossas fontes de alegrias e satisfação. E para os nossos problemas que vão surgindo na viagem, sempre acabamos encontrando anjos... Ah, gostei muito da tela de fundo! Obrigado!

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    1. Sim Elim, assim como vocês foram anjos que trago comigo!
      A foto de vocês encaixou direitinho :)

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  2. Show de bola seu blog. Muito bem detalhado. Fiz o caminho na páscoa, e a sensação de nostalgia tomou conta aqui ao ler seus relatos e ver as fotos dos lugares que passei. Muito bom, todo ciclista pelo menos uma vez na vida deveria fazer o caminho da fé, vale muito a pena. Mês que vem vou de novo, aproveitar uns dias de férias com uns amigos! Abraços!

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    1. Obrigada e concordo que todos deveriam fazer, ao menos uma vez! Um ótimo novo caminho para você...

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  3. Muito boa a narrativa. Gostei das fotos e as informações são muito boas para pessoas normais, com algum preparo prévio, que pretendem fazer o Caminho.

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  4. Meu face é Passarinho Edson. Comentário acima.

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    1. Valeu Passarinho! Nosso objetivo sempre foi facilitar a experiência de quem planeja ir.

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